Bíblia, nossa referência
// Lagoinha
Há uma equipe global no ministério da IFES (International Fellowship of Evangelical Students, a comunidade mundial à qual a ABU no Brasil é filiada) responsável nos últimos anos em trabalhar para o fortalecimento do que chamamos "Compromisso com as Escrituras". Essa equipe (cinco pessoas: da Alemanha, Malásia, EUA, Gana e o servidor que lhes escreve aqui do Brasil) preparou um breve recurso para ajudar os movimentos estudantis de todo o mundo a pensar alguns aspectos da relação com a Palavra e avaliar como manejam as Escrituras em sua vida e missão. O resultado foi o livro "A Palavra em nosso meio", que cultiva uma visão clara da importância das Escrituras em tudo o que somos e fazemos.
Em palavras simples, renova um compromisso com as Escrituras que implique em amar, estudar, viver e compartilhar a Palavra de Deus. Compartilhamos aqui alguns aspectos fundamentais para refletir sobre o impacto da Palavra de Deus no nosso meio. Trata-se brevemente de seis áreas mencionadas no livro que julgamos ser importantes nesses processos de avaliação e reconsideração, caso necessário, do nosso manejo da Palavra.
1. Aprofundar nossas convicções sobre a natureza e o propósito das Escrituras
A resposta sobre a pergunta "qual é a natureza e o propósito das Escrituras?" muitas vezes determinará como nos relacionamos com a Palavra. Se cremos que nela há autoridade para as situações de nosso cotidiano e se reconhecemos que por meio dela nos encontramos com a pessoa de Jesus Cristo, então nossa atitude será diferente. Abrir a Bíblia será como entrar em uma sala acolhedora para sentar-nos com aquele que amorosamente transforma a nossa vida.
2. Cultivar uma atitude de amor, expectativa e obediência à Palavra de Deus
Mais importante que métodos é a nossa atitude diante da Palavra. Não como um livro de regras, não como eco de nossos pensamentos (uma tentação para os religiosos), não como um manual de respostas fáceis para todos os nossos problemas. Nossa atitude deve ter mais daquele profundo amor pelo Salvador que cresce por meio da Palavra, que nos faz abrir nosso coração, nossa vida, para que sejamos obedientes àquele que é Senhor.
3. Modelar um estilo de vida de compromisso com as Escrituras
O que descobrimos na Palavra, sabemos aterrissá-lo, tanto em um nível pessoal como comunitário? Precisamos sempre revisar juntos como é nossa relação com Deus pela Palavra. É preciso cuidar também para que haja um interesse em responder à Palavra, em, pelo menos, tentar viver essas verdades, pessoalmente e também em comunidade.
4. Confiar no impacto da Palavra de Deus na evangelização
Poucas coisas são mais especiais do que ver alguém conhecer a Jesus por meio das Escrituras. Não porque outro lhe convenceu, mas porque descobriu por si próprio essa vida abundante no Cristo revelado pela Palavra. Claro, é preciso um ambiente seguro, um espaço para perguntas honestas, um acolhimento das dúvidas sinceras, das opiniões e questões que buscam a verdade. Precisamos ser mais criativos e dispostos a abrir esses ambientes e espaços onde se deem esses encontros.
5. Alimentar boas práticas no compromisso com as Escrituras
Há que saber conectar-se com coração e mente, há que saber interpretar de maneira adequada, contextual, pertinente, que seja fiel tanto às Escrituras como ciente do contexto onde a Palavra é lida, entendida e obedecida. Para isso é legítimo perguntar como estamos nos capacitando e também como estamos fomentando os bons modelos e práticas em nosso meio. Assim, revisar o que for preciso e encorajar o que deve continuar se aprofundando.
6. Enfrentar biblicamente os desafios de nosso mundo
Se a Bíblia é Palavra de Deus, e se Deus é o Criador, Redentor e Senhor de todo o universo, então é claro que Sua Palavra traz implicações para tudo na vida, para cada esfera da ação e da vida humana no mundo. Quando participamos das conversas que ocorrem em nosso redor, devemos estar atentos para escutar bem, e para saber conectar, construir as pontes entre as Escrituras e cada aspecto da vida humana. Não é o caso de crer em respostas superficiais e simplistas, mas o de entender que a própria Palavra de Deus trará novas perguntas a agendas que se discutem hoje em dia.
Em cada uma dessas seis áreas, a busca das respostas e das conexões adequadas sempre será melhor se for levada adiante com humildade, na dependência do Espírito e em processos comunitários. Devo me permitir ser surpreendido e desafiado pelas Escrituras. Nada de só querer que elas me digam o que eu já queria ouvir. Só assim a Palavra pode tornar-se viva e eficaz para provocar em nós e em nosso entorno as transformações que vêm diretamente da agenda de Deus para nós e para o mundo.::
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