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2015-09-19

Aborto é homicídio


Aborto é homicídio

Será que um cristão pode praticá-lo ou apoiar sua legalização? Será que a vida humana só começa no nascimento? O salmista disse: "Tu és meu Deus desde o ventre da minha mãe" (Salmo 22.10). De acordo com a lei, nós temos que respeitar até os cadáveres, caso contrário cometemos o crime de vilipêndio. Não haveríamos de respeitar muito mais um feto vivo? O aborto, além de ser pecado, é um ato de extrema crueldade contra um ser indefeso. Trata-se do pior tipo de homicídio que existe, pois é cometido pela própria mãe.

Os abortos realizados pelas sociedades chamadas "civilizadas" não são melhores do que os sacrifícios humanos dos rituais macabros ou do que o infanticídio praticado por algumas tribos selvagens. Ao que chamamos "feto", a bíblia chama de "criança" (Lc.1.44). No ventre, a criança já pode ser cheia do Espírito Santo (Lc.1.15). Notamos, portanto, quanto Deus a valoriza. No ventre, os profetas eram vocacionados para o ministério (Is.49.1; Gal.1.15).

Considero que o aborto é errado em toda e qualquer situação. Se, para salvar a mãe, decide-se matar o feto, continua sendo homicídio, mesmo que por um motivo forte. Matar em legítima defesa é compreensível, mas não deixa de ser assassinato.

Em caso de estupro, é natural que a mãe não queira o filho. Poderá, portanto, conduzi-lo à adoção. Se a mãe não suportar a gravidez e resolver interrompê-la, ainda assim é homicídio, mesmo que o motivo seja compreensível. Se não condenamos à morte o estuprador, deveríamos condenar o filho inocente? Ainda que o feto não tenha chance de sobreviver, não nos compete tirar a vida que Deus deu. Que ela dure pelo tempo que ele quiser, mesmo que sejam meses, dias ou horas.

O que acontece, na maioria das vezes, é apenas o assassinato em nome do egoísmo. A pessoa mata o filho porque não quer assumir a responsabilidade que ele representa, não quer arcar com as despesas ou deseja encobrir o pecado sexual cometido. Quem tiver essa dificuldade evite a gravidez, por meio de métodos não abortivos, ou evite o sexo.

Vivemos numa sociedade onde cortar uma árvore ou matar um morcego são crimes ambientais. O aborto de um ser humano, porém, está deixando de ser crime em vários países. Este é um exemplo claro da inversão de valores que estamos vivenciando. Todavia, a pretensa legalização do pecado não muda a situação diante de Deus, pois o Tribunal de Cristo não é regido pela legislação humana.

Hoje em dia, muita gente é semelhante ao profeta Jonas, que tinha compaixão de um pé de abóbora, mas não de um ser humano. Aos que já praticaram o aborto, mas se arrependeram, Deus está pronto a perdoar. O amor de Deus é maior do que o pecado humano. Entretanto, a bondade divina não deve ser usada como álibi para a prática do mal, pois situações desse tipo podem marcar a consciência e a memória por toda a vida.

A ideia ou desejo de abortar não deve sequer ser pronunciada, a não ser que se esteja buscando ajuda para a solução do problema, pois, mesmo que o ato não se concretize, a simples informação causará profundo e grave sentimento de rejeição no filho, caso chegue ao seu conhecimento em qualquer época da sua vida. Por uma questão de coerência, quem defende o direito dos pais matarem os filhos deveria também defender o direito dos filhos matarem os pais.

::Pr. Anísio Renato de Andrade