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2015-05-27

Por que Deus conclama seus filhos à oração?


Por que Deus conclama seus filhos à oração?
// LPC Comunicações

A pergunta tema deste texto deveria despertar os sentidos da igreja com relação à oração. Infelizmente, não são muitos os cristãos que gastam tempo com ela e nem provam dos seus benefícios. Já tratei sobre o tema da oração, mas não abordei algumas questões que o faço agora, e que, certamente, estimularão você. Em primeiro lugar, devo confessar que não tenho muitas respostas, mas aquelas que possuo me acalmam e me fazem descansar, sabendo com convicção, de que muitas coisas, um dia, não nesse corpo da carne, o Senhor nos fará saber.

Tomo o verso 12 de 1 Coríntios capítulo 13 que me alenta quanto as coisas que eu compreendo em parte e outras para as quais eu não tenho respostas ainda. Assim ele nos deixa saber: "…agora conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido." Bem, essa é apenas uma introdução ao assunto, mas, fique um pouco mais, e caminhemos juntos nessa trilha.

Inicio com questões que rondam a minha mente. Primeiro; sendo Deus o criador e soberano do universo, e também sendo aquele que detém todo poder, por que ele não realiza certas coisas sem a participação direta dos seus filhos? Vou tomar apenas alguns episódios bíblicos para expor o assunto. Em Gênesis 20 temos algo que nos chama a atenção. Abraão estava na cidade de Gerar e mentiu dizendo que Sara, sua mulher, era sua irmã. Com isso, o rei de Gerar, Abimeleque, mandou buscá-la.

O verso 3 nos informa que Deus, em sonhos, lhe disse que ele ia ser punido de morte por causa de Sara, mulher de Abraão. O verso 4 afirma que ele não havia se deitado com ela, de modo que o rei pergunta ao Senhor: matarás até uma nação inocente? No verso seguinte, ele se defende dizendo que Abraão havia dito que Sara era sua irmã, ao que ele emenda afirmando que, com sinceridade de coração, a tomou e o fez na inocência. Agora, vem o mais espantoso: no verso 6 Deus diz: Bem sei que com sinceridade de coração fizeste isso, daí o ter impedido eu de pecares contra mim e não permiti que a tocasses.

Em seguida, lhe ordena: agora, pois, restitui a mulher ao seu marido. Me encho de assombro com a sequência, ao ler a afirmação do Senhor: …pois ele é profeta e intercederá por ti, e viverás… Aqui começa o mistério. Por que Deus, que sabia da inocência de Abimeleque e da sua sinceridade, não o curou assim que ele se dispôs a entregar Sara ao seu marido? Por que Abraão teria que interceder por Abimeleque se, na verdade, ele era o único responsável por aquela situação?

Antes de buscarmos uma resposta, vamos ao Novo Testamento e tomamos Paulo como exemplo. O Senhor diz no capítulo 9 de Atos que Paulo era um vaso escolhido para levar a mensagem do evangelho aos gentios e também ser testemunha viva do Altíssimo entre os filhos de Israel. Ora, se o apóstolo já havia sido escolhido e enviado por Deus, por que, então, ele pede oração por ele em diversas cartas que escreve às igrejas, para que a porta da Palavra lhe seja aberta?

O Senhor que havia, de antemão, o escolhido, não tinha desde sempre, tudo acertado para que Paulo pregasse e testemunhasse do evangelho, percorrendo um caminho totalmente desembaraçado? Seria interessante você conferir em sua Bíblia algumas passagens onde o apóstolo pede orações em seu favor. Dentre elas, temos: Rm 15.30-32; Ef 6.19; Fp 1.19; 1Ts 5.25; Flm v.22; 2 Ts 3.1. Não é meu propósito escrever grandes textos, mas apresentar algumas realidades em pequenos comentários enquanto procuro provocar os seus sentidos espirituais. Assim sendo, abordo mais algumas questões antes de finalizarmos este texto.

Temos nas Escrituras, imperativos quanto à oração. Cito alguns, como exemplo, mas sempre acompanhados de perguntas: por que orar pedindo que a vontade de Deus seja feita na terra como é feita no céu, uma vez que o nosso Pai Celestial é soberano e Senhor de tudo? Por que orar pedindo que venha o Reino, uma vez que isto está no coração de Deus e vai acontecer de qualquer forma? (Mt 6.10). Por que orar pelos irmãos em Cristo se todos eles estão debaixo do cuidado de Deus? (2Cr 30.20; Ef 6.18; Cl 1.9; 1 Ts 5.17; Hb 13.18). Por que interceder por governos e autoridades se muitos deles são quase uma personificação demoníaca (Hitler)? (1 Tm 2.2). Por que interceder por todos os homens? (1 Tm 2.1).

Diante dessas interrogações, o que se passa pela sua mente? Bem, caminhar com o Pai por uma senda de amor e confiança, nos faz ter um coração pacificado. Vou compartilhar com você algumas coisas que me deixam estupefato, principalmente quando penso em nossa condição humana.

Em primeiro lugar, é preciso entender que Deus nos deu a oração como uma ferramenta relacional, e também como um elemento que impulsiona a nossa fé. É através da oração e da Palavra de Deus que nos relacionamos com o Senhor. Quando temos um momento diário de oração e meditação nas Escrituras, crescemos em nossa relação com o Pai. Na oração você fala, Deus ouve e responde (1 Pe 3.12). É impossível alguém dizer que possui um nível de intimidade com Deus, se não gasta tempo em oração.

Em segundo lugar, a oração está inserida na armadura do cristão relatada em Efésios 6. Nossa luta não é contra a carne e sangue, mas sim contra o mundo espiritual maligno organizado. Depois de vestir toda a armadura, o crente deve se pôr em oração e combater as hostes espirituais da maldade. Essas mesmas hostes que se levantam em oposição a nós, como filhos do Altíssimo, ao evangelho que salva e liberta e ao próprio Deus para que a sua vontade não seja feita na terra.

Em terceiro lugar, há cura para quem possui uma disciplina na oração. Nestes últimos tempos, algumas pessoas se levantaram com doutrinas estranhas no seio da igreja levando ensinos sobre a cura interior. Ali, se aplicavam algumas técnicas psicoterápicas com momentos de regressão no tempo. Não vemos isso na Palavra de Deus. Não há um exemplo sequer de alguém fazendo uma sessão de cura interior. Não vou discutir isso aqui, mas quanto às feridas e mágoas que muitos carregam, eles podem se ver livres e libertos pelo poder da oração.

As pessoas procuram um terapeuta para tratarem das suas dores. O que ele faz? Na maior parte do período, ele só ouve. Quando termina o seu tempo, você vai embora, mas não sem antes, deixar o seu dinheiro. O processo da cura é a verbalização, ou seja, você põe para fora tudo o que você está sentindo. Note, então, que maravilha: sem nenhuma despesa financeira, entre no seu quarto e abre o seu coração perante o Senhor. Conte pra ele tudo o que se passa com você. Chore, derrame as suas lágrimas. Ponha em prática Filipenses 4.6 e, depois de um tempo, você se levantará livre e solto (a). Glória a Deus! Há cura na oração!

Em quarto e último lugar, ao verificarmos as passagens bíblicas, constatamos que a oração é o processo que Deus usa para que sejamos inseridos como participantes do projeto que o Senhor mesmo elaborou. Ele quer salvar, mas precisamos orar. Ele quer libertar, mas precisamos interceder. Sem nós, ele pode todas as coisas, contudo; sem nós, ele não quer.

Finalizando, concluo que, sem dúvida, se a maioria dos cristãos entendesse o poder da oração, certamente, não seria displicente nessa área. Aproveito o ensejo para deixar uma pergunta, cujo alvo é fazer você pensar em sua resposta. Ei-la: "Quanto tempo você passa em oração todos os dias?"

No amor de Cristo Jesus,
Pastor Natanael Gonçalves
Igreja Batista das Nações – Bournemouth – Inglaterra