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2015-01-28

Sem segundas intenções


Sem segundas intenções
// Lagoinha

Foto: internet

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Noites atrás participei de um culto maravilhoso, desses que os olhos ficam marejados pela presença viva do Espírito Santo. Entre o período que separava o louvor da Palavra, o preletor pediu que assentássemos. Enquanto reclinávamos no banco, ele pediu que a igreja fosse ao altar levar as ofertas e enfatizou que o Senhor multiplicaria aqueles valores. Ao vê-lo dizendo isso, com sorriso, não me pareceu que seu apelo tivesse qualquer intenção lucrativa ou algo do gênero.

Entretanto, sua atitude me fez refletir se muitas das nossas ofertas carregam em seu sentido mais intrínseco certo interesse em receber multiplicado o que foi entregue. Quantas vezes já ouvi pessoas aconselhando a outras que entregassem valores que Deus daria em dobro. Digo isso, não me referindo apenas a ofertas financeiras, mas atitudes em prol do próximo como "ações do bem" que canalizam no seu objetivo a ideia de que Deus fará muito mais por você do que aquilo que foi feito pelo outro.

É verdade que pela graça e bondade de Deus, temos recebido multiplicado tudo que entregamos a Ele, mas se esse amor que damos a Deus está baseado em trocas, então, na verdade, não temos um relacionamento, mas um negócio bastante lucrativo. Perdoe-me a expressão, mas os apóstolos que entregaram vidas e deixaram lares talvez não tivessem tão interessados em adquirir riquezas ou ter a vida sem problemas aqui na Terra por fazerem o bem, porque se tivessem, certamente, deixariam Jesus logo depois da primeira prisão na qual foram encarcerados.

Falta-nos a revelação de quem é Cristo e do que foi feito ali na cruz. Os discípulos conheciam profundamente o valor de cada gota derramada naquele Calvário e tinham a convicção de que qualquer esforço que eles pudessem fazer ainda seria insignificante, comparado a obra feita por Jesus. Por isso, sabiamente o apóstolo Paulo enfatizou que todos nós "somos devedores" (Rm 8.12). Deus não tem que nos devolver nada, porque tudo já nos foi dado.

Por isso, sem quaisquer outros interesses, dê a Deus toda a sua vida com a gratidão de que "ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia, eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação" (Habacuque 3.17-18).

:: Érica Fernandes