Esconde-esconde
// Lagoinha
Nesse fim de ano fui com parte da minha família para uma praia do Espírito Santo. A casa que alugamos tem vários quartos e resolvi brincar de esconde-esconde com o Arthur. Ele é o meu sobrinho-neto, uma criança muito esperta. Tem um ano e meio, está arriscando suas primeiras corridinhas e começando a formar as primeiras frases. Ele memoriza nomes com muita facilidade e adora abraçar. Quando alguém pede um "abraço forte" ele aperta os dedinhos nas costas do felizardo que ganha um carinho especial. É impossível não se apaixonar pelo Arthur!
Então, fomos brincar: eu corria, me escondia nos cantos e chamava por ele. Arthur me procurava chamando o meu nome, do jeito dele, até me encontrar e quando me encontrava dava uma gargalhada gostosa de satisfação e eu outra. Acho que me diverti mais do que ele e acabei ficando sem saber quem aproveitou mais. Cada risada de satisfação do Arthur me deixava mais apaixonada por ele. Foram momentos de prazer e reconhecimento de laços. A alegria das descobertas.
Brincar de achar. Todos os dias ouço a doce voz do Senhor me chamando para essa brincadeira. Neste caso o bebê sou eu, criancinha que às vezes tem medo do desconhecido, que ainda engatinha e cai tentando dar alguns passos, que fala e age errado pensando estar sempre certa, que ainda faz pirraça e beicinho quando não tem o que quer. Uma criança que quer crescer e tem pouca paciência para isso, mas como toda criança, adora brincar. Todos os dias o Espírito Santo me chama e propõe uma verdadeira caçada à revelação de Sua Palavra. Aceito o chamado e lá encontro Meu Deus entre doces escondidos, perfumes inexplicáveis, lugares exuberantes que somente com a direção da voz Dele consigo achar. Depois de encontrar o que o Papai propõe eu também me alegro, não tem como não sorrir de satisfação diante da Palavra revelada. E sei que O Papai também sorri e se alegra simplesmente por poder ser meu Pai e brincar comigo.
Cansado do dia de brincadeiras, Arthur ia dormir, eu também vou dormir depois de me divertir com Deus e deixá-lo me direcionar. Durmo tranquila, pois sei que meu pai está sempre lá e que amanhã terei seu convite novamente.
O Arthur vai crescer e a brincadeira de esconde-esconde deixará de ser atrativa para ele. Eu também quero crescer: errar menos e ter meu discernimento mais apurado. Contudo, não quero deixar de ser criança para meu Aba, sempre seguir sua doce voz e me alegrar com a sua revelação. Sempre haverá um tesouro para ser achado na sua Palavra.
"E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração" (Jeremias 29.13).
::Nilma Gracia Araujo