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2016-03-09

Vida a três


Vida a três
// Lagoinha

Não permita que seu coração anseie loucamente por um relacionamento conjugal enquanto você não tiver um digno relacionamento com Deus

Na caminhada cristã, tenho visto meninos e meninas, homens e mulheres solteiros numa busca frenética por um (a) parceiro (a) "de Deus". O que parece é que há uma missão que precisa ser cumprida a todo custo: encontrar AQUELA pessoa com quem dividir o resto da vida. Não há nada de errado nisso… até certo ponto. Antes de concluir essa ideia, preciso contar algo que aconteceu comigo e me levou a escrever este texto.

Estava eu orando e, num momento de silêncio, o Senhor trouxe à minha mente como deve ser o sentimento de uma mulher cujo esposo está abalado com o relacionamento e só vê saída no divórcio. Enquanto essa cena passava pela minha mente, fui tomada por um forte sentimento de inconformismo (que me emociona quando lembro). Que tristeza só imaginar. Um relacionamento – que provavelmente foi fruto de um sentimento tão forte depois do primeiro olhar, das primeiras conversas, do primeiro abraço –, agora, rumo à destruição. Mas, nos meus pensamentos, essa mulher não se conformou com a vida que estava levando e decidiu lutar para ter seu casamento restaurado e continuar a desfrutar, diariamente, das mesmas coisas e dos mesmos sentimentos que ambos desfrutavam no início do relacionamento. Quando os meus pensamentos começaram a se encaixar e foram transportados para o contexto espiritual, não tive outra reação a não ser expressar, com toda a minha alma: "MEU DEUS!!!".

Desse momento dificilmente explicável, em que a manifestação da presença do Espírito Santo gerou renovação da minha mente, tirei duas lições, tanto sobre relacionamento com Deus quanto sobre a busca pela pessoa com quem passar o resto da vida:

1) Não podemos nos acomodar com nossa vida com Deus. Muitas vezes, pelo fato de já termos lido a Bíblia toda e experimentado alguns momentos surpreendentes com o Espírito Santo, achamos que O conhecemos o bastante e que podemos continuar vivendo normalmente sem buscar um aprofundamento. Ah, mas nem a eternidade será suficiente para o nosso conhecimento pleno de Sua essência! Ainda assim, precisamos, DIARIAMENTE, nos relacionar com Ele. Mas não aquele relacionamento forçado, obrigado, automático, só para dizer que "batemos cartão" certinho todo dia, que cumprimos protocolos. E, sim, um diálogo constante, uma dependência incondicional, um louvor verdadeiro, uma busca incessante por aqueles momentos que, na época do "primeiro amor", nos quebravam e nos refaziam; nos quebrantavam e nos faziam mudar hábitos e comportamentos que não eram compatíveis com os princípios de santidade do Senhor; nos confrontavam; nos constrangiam diante da maravilhosa presença dEle.

Se, só de pensar na separação de um casal (que antes se amava tanto), o coração já se entristece, imagine viver separada do Criador! Pior: imagine "viver" com Ele, mas não se "importar" com Ele ao ponto de não separar tempo para se relacionar e conhecê-Lo. Que tristeza devem ser duas pessoas que um dia fizeram uma aliança, dividem a mesma casa, mas não conversam, não compartilham amor, não se relacionam, não se conhecem. Essa foi minha reflexão, que me deixou pasma, boquiaberta, e me arrancou lágrimas durante o dia.

Como aquela mulher que citei, que seu anseio seja buscar a restauração desse relacionamento. Que no seu interior arda um sentimento de inconformismo que o (a) leve a querer viver diariamente o que você vivia com Deus no início. Que o pulsar do seu coração seja, em primeiro lugar, pela vontade intensa de conhecê-Lo mais, de viver experiências transformadoras por meio da manifestação da Sua presença no seu espírito. Não se contente com uma fé básica, rasa, superficial, que funciona enquanto está tudo bem, mas é abalada quando o vento sopra um pouco mais forte. Como se Deus fosse o mar, mergulhe até as profundezas, onde, mesmo no escuro e silêncio, há vida em abundância.

2) Não permita que seu coração anseie loucamente por um relacionamento conjugal enquanto você não tiver um digno relacionamento com Deus. Se você não tira tempo para conversar com Aquele que te criou, para ler Sua Palavra, conhecer cada dia mais Seus atributos, viver experiências transformadoras com Ele, como quer alguém ao seu lado? Como você lidará com todas as situações (de alegria e tristeza) que surgirem na vida a dois, se não sabe reagir a elas na vida com o Senhor? Se um ventinho abala sua confiança em Deus, o que ele poderá fazer com seu casamento?

Se a graça de Jesus Cristo não tem sido bastante na sua "solteirice", o matrimônio não mudará essa realidade. Se você não é completo (a) com o Espírito Santo, jamais será com outro alguém. Se você não tem um bom relacionamento com Deus – de amor sem reservas nem interesses, de fidelidade e gratidão -, a sua busca desesperada por um relacionamento conjugal reflete o vazio que há em você, que só pode ser preenchido pela presença do Senhor.

Concluindo a ideia inicial, muitos solteiros querem um (a) parceiro (a) "de Deus" para que possam andar juntos na caminhada da fé (com base na passagem de Eclesiastes 4.9-12), quando o que deviam fazer é buscar, em primeiro lugar, se aprofundar mais no relacionamento com esse Deus, para, consequentemente, estarem preparados para uma vida a dois. Melhor dizendo, a três.

:: Dayane Nascimento