“Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta” (Jeremias 1.5)
Não tinha entendido a frase: “Ser mãe é padecer no paraíso” até me tornar uma. Daí descobri um mundo diferente que somente quem é mãe entende. Hoje minha filha tem 23 anos e sabe andar de salto muito melhor que eu… Mas eu me lembro exatamente da emoção do primeiro olhar.
Foi nesse momento que escrevi a seguinte frase: “Filha, retrato do meu melhor, reconheço no seu olhar meu próprio sorriso e nessa linguagem nos descobrimos parceiras, meu verdadeiro amor”. Depois que me tornei mãe, descobri outro mundo, mais ou menos assim:
Ser mãe é chorar de medo por achar que não vai dar conta e orar o tempo todo por ter certeza que sem Deus não vai dar mesmo.
É sonhar em ver o rosto do filho e às vezes querer que o filho continue lá dentro, quietinho e seguro do mundo mau.
É continuar a caminhada ainda que o peso seja enorme e cada passo um sacrifício.
É sentir dor e não tomar aquele remédio que funciona porque pode prejudicar o bebê.
É amar antes de conhecer e se apaixonar no instante do primeiro olhar.
É dar um sorriso bobo entre um enjoo e uma câimbra.
É se alegrar ao ver no ventre que carrega o seu bem mais precioso ainda que a barriga esteja cortada por estrias e mais parece uma enorme melancia.
É nunca mais dormir tranquila depois de ter o filho e não imaginar que a vida possa ser melhor com noites diferentes. É sentir uma dor alucinante e a alegria indescritível ao mesmo tempo.
É saber o que o filho está sentindo antes de ele falar.
É cumprir a palavra dada ainda que seja para corrigir.
É achar a letra deles a mais linda de todas ainda que for o maior garrancho.
É brincar de casinha… De super herói.
É ler junto, chorar junto, pedir perdão e desculpar na mesma altura. Viver junto. Ser mãe é poder ver a promessa de Deus se cumprir ainda que o filho não venha da própria barriga.
Hoje minha filha não é mais uma menininha, ela viaja sozinha, já é formada, escolhe sua maquiagem e me ensina coisas da modernidade… Mas aquele primeiro olhar continua intacto como lá na maternidade assim como o amor.
::Nilma Gracia Araujo