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2011-08-29

Eliminando pequenos caprichos, você pode juntar 1 000, 3 000 ou até 5 000 reais em seis meses

Sabe aquela sensação de que nunca sobra dinheiro para investir? Ela pode diminuir de um jeito muito simples. Basta olhar para os gastos corriqueiros do dia a dia — o estacionamento no shopping, o sorvete depois do almoço, a pizza em casa — e cortar aqueles desnecessários. Vai ser uma boa economia. Nas próximas páginas, aprenda a economizar 1 000, 3 000 e 5 000 reais em seis meses, fazendo ajustes em suas fi nanças pessoais.

Por exemplo: para juntar 1 000 reais em um semestre basta deixar de gastar 5,50 reais por dia. Essa grana economizada você pode investir em aplicações no curto ou longo prazo e juntar mais de 200 000 reais em duas décadas. Mas, se você é como as pessoas que acreditam que diminuir gastos e fazer investimentos requer talento especial, está enganado.

Quem já passou pela experiência ou está acostumado a organizar as finanças de quem se perde no consumo desenfreado garante que basta dar o pontapé inicial. “É exatamente como fazer uma dieta”, diz Alexandre Assaf Neto, consultor e professor de finanças da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Porém, como num regime, o planejamento do orçamento tem pouca ou nenhuma efi cácia se a pessoa não mudar o padrão de vida e de comportamento.


MAIS DE 1 000 REAIS NO SEMESTRE
Decidida a estudar no exterior, em 2002, Reny Okuhara, de 40 anos, gerente de vendas da DK Sistemas de Ar Condicionado, reviu seus gastos. Montou duas planilhas: uma de despesas fi xas e outra de gastos variáveis. Solteira e morando com os pais, na primeira tabela Reny incluiu gastos com refeições, combustível e estacionamento. Na segunda, listou cabeleireiro, presentes e roupas.

As saídas para lazer encolheram de cinco para uma vez na semana. Ela só preservou os gastos com viagens. O resultado foi a economia de 3 000 reais em seis meses e o MBA em direito empresarial na Universidade da Califórnia. Mantendo a disciplina, Reny trocou de carro, pagou quatro anos de um consórcio para a casa própria, fez seguro de vida e ainda mantém 80% de suas economias em um fundo DI. Outros 20% estão divididos entre 15% em um fundo multimercado e outros 5% em ações.





Sem disciplina, nada feito
O grande segredo para conseguir guardar dinheiro é ter disciplina, fazer uma planilha e discriminar ali todas as despesas. Consenso entre os consultores, montar uma planilha de gastos que contenha todas as despesas fixas e extras é o primeiro passo para a salvação. Há várias formas de fazer esse tipo de tabela — desde programas de computador até dicas que podem ser encontradas em sites de finanças na internet.

Também dá para encontrar cursos ou palestras sobre o assunto em escolas e universidades e até na Fundação Procon, órgão ligado à Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania. Feita a planilha, é importante atualizá-la com frequência e rigor. “Tem que contabilizar tudo, pelo menos uma vez por semana. Se as anotações forem reais, é possível identificar onde estão os excessos que podem ser cortados”, diz Caio Torralvo, consultor e professor auxiliar de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), autor do livro Aprenda a Administrar o Próprio Dinheiro (Editora Saraiva).

Depois, é preciso eliminar o supérfl uo e escolher onde você quer aplicar o que sobrou: poupança, fundos de investimentos ou ações. A escolha depende de seus objetivos e de sua aversão ao risco. Investidores mais tradicionais costumam colocar o dinheiro na poupança ou em fundos de renda fi xa. Quem é mais arrojado e quer ter um rendimento maior investe em fundos multimercado ou em ações. Em qualquer uma das opções, o mais importante é ter disciplina para fugir das compras por impulso e manter a regularidade nos investimentos.

Com o rendimento das suas aplicações você poderá ter o que quiser no futuro. “É bom ter em mente que quem está economizando agora é porque planeja usufruir como quiser da poupança lá na frente. Assim, a tarefa de juntar dinheiro faz sentido e fi ca mais fácil”, diz Alexandre Assaf Neto, consultor e professor de fi nanças da FEA-USP. Detalhe: para começar você não precisa contar com o próximo aumento no contracheque.





SEM CARTÕES E COM 5 000 REAIS EM SEIS MESES
Há sete anos, descontrole 􀀀 nanceiro era o cotidiano de Célia Rodrigues Pereira, de 41 anos, gerente administrativa da grá􀀀 ca Visual Graphic, de São Paulo. Casada, com três 􀀀 lhos, ela tinha oito cartões de crédito e nenhum domínio sobre a fatura de cada um deles. Ela decidiu rever suas contas.

Procurou as operadoras de cartão, negociou descontos de até 40% e conseguiu quitar suas dívidas. O segundo passo foi criar planilhas. Em uma delas, Célia relacionou os ganhos dela e os do marido. Em outra, os gastos da família. Mais uma medida foi trocar o crediário por compras à vista. Ela só parcela o pagamento depois de ter economizado pelo menos 50% do valor do produto.